Dor crônica: vivendo com LPHS

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Transcrição do Laudo da Dra. Marcia Kuboki

Transcrição do Laudo da Dra. Marcia Kuboki

Atestado Médico

“Natasha Belous Alagia é portadora de LPHS, síndrome rara e de causa ainda desconhecida até o presente momento. Cursa com dor intensa em região lombar geralmente diária e associada a presença de sangue na urina, sem estar relacionada a presença de cálculos renais.

Há mais de 13 anos a paciente veio encaminhada a minha clínica pelo nefrologista com o diagnóstico citado acima, devido a grande dificuldade no controle da dor. Inicialmente começamos o tratamento com analgésicos comuns via oral, mas a dor foi se cronificando com a necessidade do uso de opióides  (Morfina e seus derivados). Foi também submetida a bloqueios analgésicos com passagem de cateter peridural para infusão anestésicos locais,  radiofrequência gânglio de L2, implante de neuroestimulador medular e bloqueio neurolítico do plexo celíaco e esplâncnico. Todas essas técnicas não tiveram sucesso quanto ao alívio da dor. Foi submetida a nefrectomia a E, técnica que obtivemos alívio completo da dor por um período de aproximadamente 2 anos, que foi quando a paciente voltou a estudar e começou a cursar veterinária. Como descrito na literatura a dor geralmente aparece controlateral, o que aconteceu a paciente neste caso.

É de difícil diagnóstico, com poucos relatos na literatura mundial o que dificulta muito o tratamento, por não termos um tratamento para “cura”. Foi o primeiro caso diagnosticado no Brasil.

No momento encontra-se internada em regime hospitalar em uso de Metadona endovenosa em altas doses e Tramadol por cateter venoso central, pois não se consegue mais acesso veneso periférico. Com este acesso a paciente fica susceptível a infecções como endocardite e até mesmo septicemia. Se continuar a receber estas doses altas de opióides a paciente não terá muito tempo de vida, pois ocorrerá a falência de órgãos nobres. Também faz acompanhamento psiquiátrico com uso de antidepressivos e ansiolíticos como técnica adjuvante.

Por se tratar de dor intensa e intratável até o momento, a paciente não tem nenhum tipo de atividade como estudar, participar de atividades de lazer e do convívio familiar, uma vez que permanece com muita dor e internada por longos períodos. Este tipo de patologia leva ao sofrimento tanto do paciente quanto dos familiares.

Ainda precisamos de muitos estudos e continuar a utilizar novas técnicas para alívio da dor, mas sabendo que todas as técnicas serão “tentativas” para alívio da dor. Mas ainda tenho esperança de que possamos solucionar o caso da paciente com o auxílio de outros profissionais médicos.

 

Santa Maria, 23 de setembro de 2013.

 

Dra. Marcia A. Kuboki

CRM 21746” 

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